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Tomás Antônio Gonzaga: conheça a vida e obras do poeta Tomás Antônio Gonzaga: conheça a vida e obras do poeta

Tomás Antônio Gonzaga: conheça a vida e obras do poeta

Tomás Antônio Gonzaga foi um importante escritor e representante do movimento arcadismo. Nascido em Portugal, o escritor também viveu no Brasil e em Moçambique. Sua principal obra é “Marília de Dirceu”. Quer saber mais sobre a vida e as obras do escritor? Continue lendo esse artigo e saiba mais sobre ele!

Quem foi Tomás Antônio Gonzaga?

Tomás Antônio Gonzaga foi um jurista, poeta e ativista político nascido em Portugal em 11 de agosto de 1744. Filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, mudou-se com o pai para o Brasil em 1751, onde estudou em Pernambuco e na Bahia. Em 1761, voltou para Portugal para cursar a Faculdade de Direito na Universidade de Coimbra.

Em 1782, voltou novamente para o Brasil para trabalhar como Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica (atual Ouro Preto). Foi lá que conheceu Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, sua musa inspiradora, com quem ele se casou após dois anos. O casamento, porém, não foi bem recebido pelos pais de Maria Doroteia, já que o autor possuía menos posses do que ela. Até hoje, suspeita-se de que a sua Marília de Dirceu foi inspirada em Maria Doroteia.

Tomás Antônio Gonzaga e a Inconfidência Mineira

Durante sua permanência em Ouro Preto, foi acusado de conspiração graças às suas discordâncias políticas com Luís da Cunha Menezes, governador da capitania de Minas Gerais. Na época, imperava a política do quinto do ouro, que trazia revolta à população. Tomás Antônio Gonzaga foi um dos cidadãos revoltados que acredita-se que lideravam reuniões separatistas.

O autor, portanto, foi preso, tendo seus bens confiscados e sendo obrigado a permanecer longe da primeira esposa. O período de reclusão foi fértil em criatividade: foi durante a prisão que Tomás Antônio Gonzaga escreveu a maior parte de suas liras.

A pedido pessoal de D. Maria I, o autor foi condenado a exílio em Moçambique, onde morou até falecer, em 1809 e 1810. Em Moçambique, casou-se novamente com a filha de um rico comerciante de escravos, Juliana de Sousa Mascarenhas. Com ela, teve dois filhos e viveu até morrer. Em Moçambique, também ocupou os cargos de Procurador da Coroa e Fazenda e Juiz de Alfândega de Moçambique.

Tomás Antônio Gonzaga foi retratado como personagem na televisão e no cinema após sua morte, graças ao reconhecimento que suas obras tiveram. O autor foi interpretado por Gianfrancesco Guarnieri na novela Dez Vidas (1969), Luiz Linhares no filme Os Inconfidentes (1972) e Eduardo Galvão no filme Tiradentes (1999).

Livros de Tomás Antônio Gonzaga

Confira a lista das principais obras de Tomás Antônio Gonzaga:

  • Tratado de Direito Natural (1768);
  • Marília de Dirceu (primeira, segunda e terceira partes, 1792 a 1800);
  • A Conceição (1802);
  • Cartas Chilenas (1863)

Qual é o estilo literário de Tomás Antônio Gonzaga?

Tomás Antônio Gonzaga foi um dos grandes representantes do arcadismo ou neoclassicismo, escolas literárias que sucederam o barroco. Esses movimentos literários têm como principais características o bucolismo, o pastoril, a paixão pela natureza  e o equilíbrio.

A poesia árcade inspirava os leitores a manter uma vida equilibrada e tranquila, no campo, longe da agitação da cidade. É dela que vem os lemas fugere urbem, aurea mediocritas, locus amoenus, inutilia truncat e carpe diem. Já ouviu alguma dessas expressões?

Breve Glossário arcadista

  • Fugere Urbem – fugir da cidade;
  • Aurea Mediocritas – mediocridade áurea;
  • Locus Amoenus – lugar ameno;
  • Inutilia Truncat – cortar o inútil;
  • Carpe diem – aproveitar o momento

A poesia neoclássica defende que para viver bem, não era preciso nada além do que o necessário. A vida deveria ser um lugar de felicidade, amor e paz. A poesia neoclássica também conta com referências greco-latinas, com a retomada do clássico.

Pré romantismo e estilo próprio

Além disso, Tomás Antônio Gonzaga também se inspirou no movimento do pré romantismo na escrita de sua grande obra Marília de Dirceu, principalmente na segunda parte, escrita na prisão. A obra transparece características do movimento romântico, como confissões de sentimentos pessoais, profundidade na expressão das emoções e descrição idealizada de paisagens brasileiras.

Isso não significa, porém, que o autor não incutiu em seus versos elementos de expressão própria, como uma racionalização de conflitos, leve toque de sensualidade e a harmonização de elementos racionais e afetivos.

Quais são as obras mais famosas de Tomás Antônio Gonzaga?

A produção literária de Tomás Antônio Gonzaga não é vasta, mas conta com obras de grande destaque e que, mesmo séculos após a publicação, ainda são consideradas clássicos. Conheça quais são e as principais características delas:

Marília de Dirceu (1792)

A obra prima de Tomás Antônio Gonzaga foi dividida em três partes. Na época, era comum escrever sob pseudônimos, e o pseudônimo do autor era “Dirceu”. Por isso, o título se refere a Marília, a sua amada. A obra é um diálogo de Dirceu para com Marília, mas a resposta da amada não é encontrada.

É possível perceber, na obra, a idealização da mulher amada, a linguagem simples e acessível, versos com rimas simples e uma crítica à vida da cidade. Os versos são compostos em redondilha menor ou decassílabos quebrados.

“Marília de Dirceu” conta a história de separação deste amor. A primeira parte é composta por 33 liras, de tom bucólico e idealizador, onde ele fala de sua devoção por Marília de Dirceu. Confira um trecho:

“A minha Marília quanto

À natureza não deve!

Tem divino rosto

E tem mãos de neve.

Se mostro na face o gosto,

Ri-se Marília, contente:

Se canto, canta comigo;

E apenas triste me sente,

Limpa os olhos com as tranças

De fino cabelo louro.

A minha Marília vale,

Vale um imenso tesouro.”

A segunda parte é composta por 38 liras. Nesse momento, o tom é melancólico e desesperançoso, já que Tomás Antônio Gonzaga estava preso no momento em que o escreveu.

“Nesta cruel masmorra tenebrosa

Ainda vendo estou teus olhos belos,

A testa formosa,

Os dentes nevados.”

A terceira parte da obra é composta por nove liras, 14 sonetos e uma ode. É nesse momento em que Tomás Antônio Gonzaga se despede de sua amada.

“Parto, enfim, Dirceia bela,

Rasgando os ares cinzentos;

Virão nas asas dos ventos

Buscar-te os suspiros meus.

Ah! não posso, não, não posso

Dizer-te, meu bem, adeus!”

Teorias a respeito de Marília de Dirceu

Para alguns teóricos, Tomás Antônio Gonzaga não escreveu “Marília de Dirceu” para sua primeira esposa, e sim para uma mulher idealizada e fictícia. Os argumentos em relação a essa teoria se referem à mudança da descrição de Marília durante toda a lira. Outro argumento para desqualificar Maria Doroteia como musa inspiradora do autor é o fato de que, na era arcadismo, pré romântica, não era comum escrever sobre emoções e relacionamentos como passou a ser posteriormente.

Cartas Chilenas (1845)

As “Cartas Chilenas” foram versos anônimos e intensamente satíricos escritos por Tomás Antônio Gonzaga que denunciavam o sistema de corrupção durante a administração do governador da capitania de Vila Rica, Luís da Cunha de Menezes, entre 1783 e 1788.

Sua última obra relembra que, na vida de Tomás Antônio Gonzaga, além da escrita, também coube o ativismo político. O medo da forte repressão, porém, fez com que os versos fossem escritos anônimos e o nome dos personagens fosse alterado. Na obra, Fanfarrão Minésio era na realidade Luís da Cunha de Menezes.

Supõe-se que o destinatário das cartas era Cláudio Manuel da Costa, um famoso inconfidente mineiro e amigo próximo de Tomás Antônio Gonzaga. A cidade de Vila Rica, nas cartas, aparece como Santiago, capital chilena. Confira um trecho das cartas:

“Do nosso Fanfarrão? Tu não o viste

Em trajes de casquilho, nessa corte?

E pode, meu amigo, de um peralta

Formar-se, de repente, um homem sério?

Carece, Doroteu, qualquer ministro

– Apertados estudos, mil exames,

E pode ser o chefe onipotente

Quem não sabe escrever uma só regra

Onde, ao menos, se encontre um nome certo?”

O grande valor das “Cartas Chilenas” está, além de em sua qualidade literária, na denúncia de situações da vida social da época, ilustrando o modo como o governo desrespeitava leis e piorava a qualidade de vida de indivíduos já pobres, graças aos altos impostos e corrupção governamental na capitania mais valiosa do Brasil no século XVIII.

Tratado de Direito Natural (1768)

A primeira e uma das mais importantes obras de Tomás Antônio Gonzaga é um dos clássicos do pensamento jurídico luso-brasileiro. A obra é uma testemunha da origem do debate teórico acerca da constituição dos direitos humanos.

Em “Tratado de Direito Natural”, o autor apresenta-se de maneira moderada, tentando conciliar as ideias monarquistas com as ideias do Direito Natural, postura impensável para Tomás Antônio Gonzaga após algumas décadas. O texto só foi publicado pela primeira vez no século XVIII, mesmo que tenha sido escrito em 1768.

Agora que você já teve contato com as ideias e principais obras de um dos grandes autores da literatura mundial, é hora de seguir com seus estudos. Que tal escolher um dos livros do autor para ler?

Continue lendo nossas dicas de estudos, aqui no blog do Pravaler, para se preparar para as provas de vestibulares.

Texto escrito por: Prasaber
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