

Angústia: resumo do livro de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos foi um romancista, cronista, contista e jornalista brasileiro, considerado um dos maiores escritores do país. O autor de “Vidas Secas” também trabalhou como tradutor de inglês e francês e recebeu diversas honrarias por seu trabalho. Entre suas obras, está “Angústia”, publicada em 1936.
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Neste artigo você vai encontrar:
Biografia de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos nasceu em Alagoas e fixou-se na cidade de Palmeira dos Índios, onde foi prefeito por dois anos. Foi em Palmeira dos Índios que publicou seu primeiro romance, Caetés (1933). O autor também trabalhou na Imprensa Oficial e foi preso pela Intentona Comunista de 1935.
Leia mais: Graciliano Ramos: conheça a vida e obras do autor de “Vidas Secas”
Confira a lista das principais obras publicadas do autor:
- Caetés – Editora Schmidt, 1933;
- São Bernardo – Editora Arial, 1934;
- Angústia – Editora José Olympio, 1936;
- Vidas Secas – Editora José Olympio, 1938;
- A Terra dos Meninos Pelados – Editora Globo, 1939
- Memórias do Cárcere – Editora José Olympio, 1953; (obra póstuma);
- Viagem – Editora José Olympio, 1954; (obra póstuma)
- Linhas Tortas – Editora Martins, 1962; (obra póstuma)
- Viventes das Alagoas – Editora Martins, 1962; (obra póstuma)
- Alexandre e Outros Heróis – Editora Martins, 1962; (obra póstuma)
Qual o gênero literário do livro Angústia?
Angústia, terceiro livro publicado de Graciliano Ramos, é um dos romances mais comentados pela crítica literária.
Um romance é uma forma literária em prosa pertencente ao gênero narrativo e que apresenta uma história completa, composta por:
- narrador;
- enredo;
- temporalidade;
- ambientação;
- personagens;
- começo, meio e fim.
Os romances surgiram no século XVIII, após as epopeias, textos que tinham como objetivo e principal tema a narração de grandes feitos de um herói ou de um povo. Além disso, diferente do conto, os romances se caracterizam por serem mais longos.
Qual o contexto histórico do livro Angústia?
“Angústia” foi publicado em 1936. Na época, Graciliano Ramos trabalhava como Diretor de Instrução Pública de Alagoas e estava sob constante tensão, recebendo ameaças por sua proximidade com os ideais comunistas. Logo em seguida, seria preso. A publicação de “Angústia” foi garantida por José Lins do Rego, importante romancista brasileiro.
Em 1929, a queda da Bolsa de Nova York levou a uma grande recessão global, causando, no Brasil, o rompimento da política do Café com Leite e o surgimento de Getúlio Vargas como personagem importante da política do país.
Em 1936 o Brasil estava vivendo a segunda fase da Era Vargas, o Governo Institucional.A segunda fase foi marcada pela centralização do poder e a radicalização da forma como Getúlio Vargas governava o país.
A repressão ao comunismo levaria ao Estado Novo, período ditatorial da Era Vargas. O reflexo disso foi a criação de diversos grupos, tanto de direita quanto de esquerda, para defesa dos ideias dos cidadãos brasileiros de maneira polarizada.
Quais os principais temas abordados de Angústia?
“Angústia” é um livro escrito em primeira pessoa e narrado por Luís da Silva, personagem principal. Luís acaba se envolvendo com sua vizinha, que o estava traindo, e a descoberta da traição leva à morte do amante e a um fluxo de consciência fragmentado entre passado e presente.
A narrativa psicológica é caracterizada por um delírio do personagem, sufocado pela angústia, sem capacidade de discernir o real e a ilusão. O monólogo interior constrói os eventos com base nas percepções e memórias do narrador, Luís da Silva.
“Angústia” é um romance urbano, que se passa na década de 1930, e a união da introspecção e sentimentos conflitantes com a crítica social caracterizam a obra como participante da segunda geração do modernismo. Entre os temas abordados por Graciliano Ramos estão a morte, a vingança, a culpa, o ciúmes, a angústia, a traição e o amor.
Quais são os personagens de Angústia?
A história de “Angústia” gira em torno de três personagens principais. São eles:
- Luís da Silva:
O narrador, que descreve acontecimentos de sua própria vida. Luís da Silva é funcionário público e escritor residente em Maceió. Era considerado um injustiçado socialmente, pobre e frustrado.
- Marina:
Marina é a vizinha de Luís da Silva, mas também seu grande amor. Descrita como bela, mas superficial, a personagem trai o narrador com Julião Tavares. Marina se deixa levar pelas circunstâncias da época em que vive e é vista como o prêmio para o homem.
- Julião Tavares:
Julião Tavares é o amante de Marina e possui características opostas a Luís da Silva: usa linguagem rebuscada, é de classe alta e não possui ideais pátrios.
Qual o desfecho de Angústia?
A narrativa, fragmentada e linear, possui um desfecho angustiante. Luís da Silva, impulsivo e levado por suas paranoias, estrangula Julião Tavares, levando o amante à morte. Após a euforia inicial, o narrador retorna para a angústia, tão característica de sua narração, mas agora ainda mais intensa, já que acompanha o desespero de ser descoberto.
Crime e Castigo X Angústia
“Crime e Castigo”, grande obra do autor russo Dostoiévski, traz, como temas principais a angústia, o crime, assassinato e o medo de ser pego. Publicado em 1866, “Crime e Castigo” se tornou um clássico da literatura russa e possui muitas características em comum com a terceira obra de Graciliano Ramos.
Em “Crime e Castigo”, porém, o crime é o ponto de partida da obra, enquanto em “Angústia” é o clímax e o desfecho. Perguntado sobre a semelhança, Graciliano Ramos inicialmente nega:
“Onde as nossas opiniões coincidem é no julgamento de Angústia. Sempre achei absurdos os elogios a esse livro, e alguns, verdadeiros disparates, me exasperam, pois nunca tive semelhança com Dostoiévski nem com outros gigantes. O que sou é uma espécie de Fabiano*, e seria Fabiano completo se a seca houvesse destruído a minha gente, como v. bem conhece.”
*O autor refere-se a Fabiano, personagem de sua grande obra, Vidas Secas.
Às vésperas de sua morte, porém, Graciliano admite a influência não só de Dostoiévski, mas também de outros autores russos, como Tolstoi e Balzac. As duas obras, por fim, são excelentes e merecem ser lidas e apreciadas.
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Texto escrito por: PRASABER