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Graciliano Ramos: conheça a vida e obras do autor de “Vidas Secas” Graciliano Ramos: conheça a vida e obras do autor de “Vidas Secas”

Graciliano Ramos: conheça a vida e obras do autor de “Vidas Secas”

Você já ouviu falar em Graciliano Ramos? O jornalista e romancista alagoano, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira, é o autor por trás de “Vidas Secas”, “Angústia” e outras obras marcantes da história do país. Suas obras são hoje consideradas clássicos da literatura brasileira e o autor recebeu diversos prêmios e homenagens, além de ter seus livros adaptados para o cinema. 

Quer saber mais sobre a biografia do autor e suas principais obras? É só continuar a leitura! 

Quem foi Graciliano Ramos? 

Nascido em 1892, Graciliano Ramos foi um grande jornalista, contista, cronista, político e romancista brasileiro, conhecido principalmente pela obra “Vidas Secas”. Pertencente à segunda fase do modernismo da literatura brasileira, o autor nasceu em Quebrângulo, interior do Alagoas, e viveu por grande parte de sua infância e puberdade em diversas cidades do nordeste, como Maceió (AL), Viçosa (AL), Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE). 

Biografia de Graciliano Ramos 

Graciliano Ramos estudou em um internato em Viçosa, publicando em 1904, no jornal da escola, seu primeiro conto, “O pequeno pedinte”. Ao terminar o segundo grau, migrou para o Rio de Janeiro, trabalhando como revisor de jornais de prestígio, como “Correio da manhã”, “O século” e “A tarde”. 

Após a morte trágica de quatro dos quinze irmãos, por peste bubônica, o autor fixou-se em Palmeira dos Índios e começou a trabalhar como professor e diretor da Imprensa Oficial de Maceió, entre 1930 e 1936. É nesse período que o autor estabelece contato com outros grandes escritores, como Rachel de Queiroz, Jorge Amado e José Lins do Rego. 

Graciliano Ramos casou-se duas vezes e teve oito filhos: com Maria Augusta de Barros, quatro, e, após enviuvar, com Heloísa de Medeiros, com quem teve mais quatro. 

Vida política de Graciliano Ramos 

Além do claro interesse em literatura, Graciliano Ramos também interessava-se por política, chegando a ser prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, cargo em que ocupou por dois anos antes de renunciar. 

Seu interesse pelo assunto, porém, não parou por aí. Acusado de ser filiado ao Partido Comunista, foi preso em 1936, sob o regime de Getúlio Vargas, mas solto após 11 meses por falta de provas. Como resultado do período de cárcere, Graciliano Ramos escreve o livro “Memórias do Cárcere”, de publicação póstuma, narrando o período em que viveu na prisão. 

Em 1945, já sob o fim da ditadura varguista e o retorno da normalidade democrática, filia-se ao PCB, Partido Comunista Brasileiro, permanecendo nele até 1947, ano em que o partido volta a ser considerado ilegal. Seus ideais políticos, pouco bem vistos na época, podem ser percebidos de forma velada em seus livros, mas, para os desavisados, a temática tratada por Graciliano permanece apenas nos problemas sociais do país. 

Em 1952, viaja para diversos países socialistas da Europa. publicando “A viagem” como resultado de suas experiências. O autor também foi Inspetor Federal de Ensino, diretor da Instrução Pública do Estado e da Associação Brasileira de Escritores.  

Em 1953, aos 60 anos, Graciliano Ramos faleceu em decorrência de um câncer de pulmão. Após sua morte, diversas obras foram publicadas, inclusive suas cartas, publicadas apenas em 1980. 

Prêmios e homenagens 

Graciliano Ramos teve, ainda em vida, muito reconhecimento por suas obras. Além de ter tido algumas obras adaptadas para o cinema (Vidas Secas, São Bernardo, Memória dos Cárcere), também recebeu prêmios e homenagens, além de ter sua obra considerada domínio público a partir de janeiro de 2024, segundo a lei brasileira. Confira a lista de prêmios concedidos ao autor:

  • 1936 – Prêmio Lima Barreto (Revista Acadêmica) – Angústia
  • 1939 – Prêmio Literatura infantojuvenil (Ministério da Educação) – A Terra dos Meninos Pelados
  • 1942 – Prêmio Felipe de Oliveira – Conjunto da Obra
  • 1962 – Prêmio da Fundação William Faulkner  – Vidas Secas
  • 1964 – Prêmios Catholique International du Cinema e Ciudad de Valladolid, concedidos pela adaptação para o cinema do livro Vidas Secas
  • 2000 – Personalidade Alagoana do Século XX
  • 2003 – Prêmio Nossa Gente, Nossas Letras / Prêmio Recordista
  • 2003 – Medalha Chico Mendes de Resistência
  • 2013 – Escolhido pelo Governo Federal para o Programa Nacional Biblioteca da Escola – Memórias do Cárcere

Quais são as obras mais famosas de Graciliano Ramos? 

Graciliano Ramos foi um dos maiores escritores brasileiros e um dos principais representantes do modernismo, junto com outros grandes expoentes do movimento como Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado, Érico Veríssimo e Dyonélio Machado. Na poesia, os principais representantes do movimento foram Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes. 

Suas obras mais famosas são o romance “Vidas Secas”, publicado em 1938, “Angústia”, publicado em 1936 e “Alexandre e outros heróis”, publicado em 1962. Além disso, figura na lista dos mais famosos o livro altamente pessoal “Memórias do Cárcere”, publicado em 1953 e “Viagem”, publicado em 1954, abordando o período de sua vida em que visitou diversos países da Europa Socialista com sua segunda esposa. 

Confira a lista completa de seus trabalhos:

  • Relatório ao Governador do Estado de Alagoas, 1929
  • 2.° Relatório ao Sr. Governador Álvaro Paes, 1930
  • Caetés, 1933
  • São Bernardo, 1934
  • Angústia, 1936
  • Vidas Secas, 1938
  • A Terra dos Meninos Pelados, 1939
  • Pequena História da República, 1940
  • Brandão Entre o Mar e o Amor, 1942
  • Histórias de Alexandre, 1944
  • Dois dedos, 1945
  • Infância – memórias, 1945
  • Histórias Incompletas, 1946
  • Insônia, 1947
  • Memórias do Cárcere, 1953
  • Viagem, 1954
  • Linhas Tortas, 1962
  • Viventes das Alagoas, 1962
  • Alexandre e Outros Heróis, 1962
  • Cartas, 1980
  • O Estribo de Prata, 1984
  • Cartas de amor à Heloísa, 1992
  • Garranchos, 2012
  • Minsk, 2013
  • Cangaços, 2014
  • Conversas, 2014
  • Luciana, 2015
  • O antimodernista: Graciliano Ramos e 1922, 2022

Traduções:

  • 1940 – Memórias de um negro, de Booker T. Washington
  • 1950 – A peste, de Albert Camus

Livros de Graciliano Ramos 

Graciliano Ramos publicou mais de 20 obras (em vida e postumamente), além de ter trabalhado também em traduções de romances estrangeiros. Entre suas obras, estão romances, contos, autobiografias, memórias e relatórios políticos, reunidos postumamente. 

Qual é o primeiro romance de Graciliano Ramos? 

O primeiro romance escrito por Graciliano Ramos foi Caetés, publicado em 1933. O livro fala sobre João Valério, que se apaixona por Luísa, mulher de seu patrão. Ao descobrir a traição, o marido de Luísa comete suicídio. Apesar de ter seus apreciadores, o livro não foi bem recebido pela crítica. 

O autor é considerado o mais importante ficcionista do segundo modernismo, movimento literário marcado pela consciência do subdesenvolvimento do Brasil e dos problemas estruturais da sociedade. Graciliano fez parte do grupo de escritores que inaugurou o realismo crítico, literatura destinada a denunciar questões sociais marcantes da época. 

Características da obra de Graciliano Ramos 

A principal preocupação enfrentada por Graciliano Ramos na construção de suas obras está no homem: seus comportamentos, seus problemas, sua conduta dentro de determinado ambiente social. Sua obra é de caráter regionalista, abordando as dificuldades sofridas pelo povo do sertão nordestino, apesar de também abordar o cenário urbano em alguns contos e livros. 

Suas obras são marcadas por uma linguagem objetiva, com reflexões metalinguísticas e uma linguagem próxima à oralidade, distanciando-se do pré-modernismo e do modernismo. Seus personagens são construídos de maneira complexa psicologicamente, trazendo profundidade a eles. 

Além disso, a obra do autor é marcada por pessimismo profundo em relação à existência humana. Para ele, o homem é fruto de suas relações sociais. Apesar disso, não há maniqueísmo (visão de mundo simplista que divide o mundo em polos opostos e incompatíveis), mas sim uma literatura realista, crítica e sem floreios, que aborda os problemas sociais brasileiros e como eles afetam os personagens. 

Apesar de ser considerado um dos maiores escritores do país, hoje é sabido que Graciliano Ramos não se tinha em alta conta e depreciava muito seu próprio trabalho. Segundo Antonio Candido, sociólogo e crítico literário, era comum que Graciliano referisse-se a seus próprios textos como “horríveis”, “pavorosos” e “porcarias”. 

Vidas Secas (1938) 

Publicado em 1938, “Vidas Secas” é o romance mais famoso de Graciliano Ramos. A obra retrata a vida de uma família de retirantes nordestinos que, graças à miséria, parte do sertão em busca de uma vida melhor. 

O romance é considerado o mais importante da segunda fase do modernismo e é inovador em relação ao estilo de narração, centrado na consciência dos personagens por meio da onisciência múltipla, técnica em que o enredo é revelado com base na consciência dos personagens. 

O livro também é inovador por apresentar um animal com subjetividade por meio da cachorra da família, Baleia. Os personagens apresentam um vocabulário limitado e truncado. Por isso, a escolha narrativa de Graciliano Ramos traz profundidade aos personagens e à vivência da família.

O livro foi adaptado para o cinema em 1963 por Nelson Pereira. O filme foi indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais e pelo Grand Prix (Palma de Ouro), recebeu o prêmio Governador de Guanabara (1963), Cinema de Gênova (1965) e o prêmio OCIC, do Festival de Cannes em 1964. 

Angústia (1936) 

Angústia, terceiro romance de Graciliano Ramos, foi publicado quando o autor ainda estava preso pelo governo ditatorial de Getúlio Vargas. O livro narra a história de Luís da Silva, funcionário público e jornalista sem projeção profissional, que vive uma série de frustrações em sua vida. 

A narração se concentra, como diz o título, na angústia, a partir do monólogo interior. O romance é escrito em primeira pessoa e é caracterizado pelo delírio do personagem: imerso na angústia, é díficil discernir o real do irreal, culminando em delírios persecutórios e em um assassinato. 

O romance tem como espaço a cidade de Maceió, mas, por se tratar de um livro em primeira pessoa, também retorna para o interior do estado, no passado rural do personagem principal. Além disso, a obra destaca-se por demonstrar a falta de perspectiva do país na época, em conjunto com a acelerada urbanização. 

Caetés (1933) 

Caetés é o primeiro romance publicado por Graciliano Ramos, em 1933. O livro é narrado em primeira pessoa pelo protagonista João Valério, caracterizado por sua tendência ao recolhimento emocional e ao devaneio.

O romance se passa na cidade em que viveu o autor, Palmeira dos Índios, no estado do Alagoas. O livro, porém, não foi bem acolhido pelos críticos, que viram na obra uma tentativa inicial de desenvolver o que seria bem realizado em “Vidas Secas”. 

Insônia (1947)

O livro “Insônia”, publicado em 1947 por Graciliano Ramos, é um compilado de 14 contos que abordam temas como racismo, morte, doenças, crimes e injustiça social. Composto pelos contos “Insônia”, “Um ladrão”, “O relógio do hospital”, “Paulo”, “Luciana”, “Minsk”, “A prisão de J. Carmo Gomes”, “Dois dedos”, “A testemunha”, “Ciúmes”, “Um pobre diabo”, “Uma visita” e “Silveira Pereira”, a obra é escrita de maneira seca, proporcionando ao leitor o sentimento amargo da insônia a que o título se refere. 

Infância (1945) 

“Infância”, publicado em 1945, é um livro autobiográfico que percorre do início até a puberdade do autor. A autobiografia, porém, não deixa de incluir os elementos que caracterizam a obra do autor: a crítica social e as dificuldades do meio em que vive. 

A obra é reconhecida como uma das mais bem escritas do autor, por sua concisão linguística (característica encontrada na maioria das suas obras, principalmente “Vidas Secas”) e por um intenso lirismo, dificilmente encontrado em seus livros. 

Em “Infância”, Graciliano combina elementos auto biográficos e ficcionais, recriando o passado e aliando imaginação e memória. O livro é formado por pequenos capítulos – cada um abordando uma fase da vida do autor: a casa no sertão, a ida ao colégio, a relação com o pai. 

Agora que você já conhece a biografia e as obras de Graciliano Ramos, fica mais fácil ficar por dentro da matéria de um dos autores mais cobrados dos vestibulares. Aqui no Pravaler temos como objetivo transformar a educação acessível para todos. Afinal, sabemos que ela transforma vidas! Continue lendo os artigos do nosso blog e mantenha os estudos em dia! 

Agora que você sabe tudo sobre a biografia e as obras de Graciliano Ramos, leia também sobre:

Texto escrito por: PRASABER
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