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Aluísio Azevedo: conheça a vida e obras do escritor Aluísio Azevedo: conheça a vida e obras do escritor

Aluísio Azevedo: conheça a vida e obras do escritor

Aluísio Azevedo foi o precursor do movimento naturalista na literatura brasileira. O autor de obras como “O cortiço” e “O mulato” foi também caricaturista, jornalista e diplomata, além de membro fundador da cadeira número 4 da Academia Brasileira de Letras. 

Quer aprender mais sobre o autor e suas obras? É só continuar lendo!

Quem foi Aluísio Azevedo?

Aluísio Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão, em 1957, filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e de Emília Amália Pinto de Magalhães. Após se formar, foi viver no Rio de Janeiro para cursar a Academia Imperial de Belas-Artes e se tornando caricaturista de jornais como “O Fígaro”, “O Mequetrefe” e ‘A semana ilustrada’. 

Após a morte do pai, Aluísio Azevedo volta para o Maranhão para ajudar a família. É lá que começa a escrever para sobreviver. Em 1895 é nomeado diplomata e vai servir na Espanha, Inglaterra, Japão, Itália, Paraguai e Argentina, onde falece em 1913. 

Em Buenos Aires, o autor passa a conviver com Pastora Luquez, adotando seus três filhos.

Livros de Aluísio Azevedo

Aluísio Azevedo publica seu primeiro livro, “Uma lágrima de mulher”, em 1879. Em 1881, publica “O mulato”, livro que aborda a questão racial e traz forte posicionamento abolicionista, chocando a população da época. Além dos romances, o autor também publicou crônicas, contos e peças de teatro nos jornais da época. 

Confira a lista de obras publicadas:

  • Uma Lágrima de Mulher, romance, 1879
  • Os Doidos, teatro, 1879
  • O Mulato, romance, 1881
  • Memórias de um Condenado, romance, 1882
  • Mistérios da Tijuca, romance, 1882
  • A Flor de Lis, teatro, 1882
  • A Casa de Orates, teatro, 1882
  • Casa de Pensão, romance, 1884
  • Filomena Borges, romance, 1884
  • O Coruja, romance, 1885
  • Venenos Que Curam, teatro, 1886
  • O Caboclo, teatro, 1886
  • O Homem, romance, 1887
  • O Cortiço, romance, 1890
  • A República, teatro, 1890
  • Um Caso de Adultério, teatro, 1891
  • Em Flagrante, teatro, 1891
  • Demônios, contos, 1893
  • A Mortalha de Alzira, romance, 1894
  • O Livro de uma Sogra, romance, 1895
  • Pegadas, contos, 1897
  • O Touro Negro, teatro, 1898

Academia Brasileira de Letras

Aluísio Azevedo foi o fundador da cadeira número 4 da Academia Brasileira de Letras e atuou entre 1897 e 1913. A cadeira número 4 foi ocupada posteriormente por grandes autores como Alcides Maia, Viana Moog e Carlos Nejar. O patrono, escolhido por Azevedo, é Basílio da Gama. 

Quais são as obras mais famosas de Aluísio Azevedo?

O mulato (1881)

“O mulato”, publicado em 1881, é o livro que inaugurou a era naturalista no Brasil. Retrata a história do mulato Raimundo e os sofrimentos aos quais era submetido pela cor da sua pele. A obra tem caráter de denúncia: destaca as torturas sofridas pelos escravos e tem forte teor abolicionista – o que não agradou o público de São Luís do Maranhão na época. 

Casa de pensão (1884)

“Casa de pensão”, publicado em 1884, o autor conta a vida de jovens que vinham do interior para estudar na capital e moravam em pensões de família. A história é baseada em um fato real – um crime ocorrido no Rio de Janeiro em 1876. 

O cortiço (1890)

“O cortiço” é a grande obra prima de Aluísio Azevedo e também a mais importante obra naturalista brasileira. No livro, o autor retrata o nascimento, consolidação e decadência de um cortiço carioca do século XIX e de seus habitantes. 

A obra destaca o aumento populacional da cidade do Rio de Janeiro e as más condições de habitação da população pobre, que precisava se aglomerar em ambientes degradados e promíscuos para conseguir sobreviver. Confira um trecho do primeiro capítulo do livro:

“João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.

Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-lhe, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade.

Bertoleza também trabalhava forte; a sua quitanda era a mais bem afreguesada do bairro. De manhã vendia angu, e à noite peixe frito e iscas de fígado; pagava de jornal a seu dono vinte mil-réis por mês, e, apesar disso, tinha de parte quase que o necessário para a alforria. Um dia, porém, o seu homem, depois de correr meia légua, puxando uma carga superior às suas forças, caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta.

João Romão mostrou grande interesse por esta desgraça, fez-se até participante direto dos sofrimentos da vizinha, e com tamanho empenho a lamentou, que a boa mulher o escolheu para confidente das suas desventuras. Abriu-se com ele, contou-lhe a sua vida de amofinações e dificuldades. “Seu senhor comia-lhe a pele do corpo! Não era brinquedo para uma pobre mulher ter de escarrar pr’ali, todos os meses, vinte mil-réis em dinheiro!” E segredou-lhe então o que já tinha junto para a sua liberdade e acabou pedindo ao vendeiro que lhe guardasse as economias, porque já de certa vez fora roubada por gatunos que lhe entraram na quitanda pelos fundos.

Daí em diante, João Romão tornou-se o caixa, o procurador e o conselheiro da crioula. No fim de pouco tempo era ele quem tomava conta de tudo que ela produzia, e era também quem punha e dispunha dos seus pecúlios, e quem se encarregava de remeter ao senhor os vinte mil-réis mensais.

Abriu-lhe logo uma conta corrente, e a quitandeira, quando precisava de dinheiro para qualquer coisa, dava um pulo até à venda e recebia-o das mãos do vendeiro, de “Seu João”, como ela dizia. Seu João debitava metodicamente essas pequenas quantias num caderninho, em cuja capa de papel pardo lia-se, mal escrito e em letras cortadas de jornal: “Ativo e passivo de Bertoleza”.

E por tal forma foi o taverneiro ganhando confiança no espírito da mulher, que esta afinal nada mais resolvia só por si, e aceitava dele, cegamente, todo e qualquer arbítrio. Por último, se alguém precisava tratar com ela qualquer negócio, nem mais se dava ao trabalho de procurá-la, ia logo direito a João Romão.

Quando deram fé estavam amigados.

Ele propôs-lhe morarem juntos, e ela concordou de braços abertos, feliz em meter-se de novo com um português, porque, como toda a cafuza, Bertoleza não queria sujeitar-se a negros e procurava instintivamente o homem numa raça superior à sua.”

Demônios (1893)

“Demônios”, obra de Aluísio Azevedo publicada em 1893, reúne contos humorísticos que se passam no Rio de Janeiro e tratam de temas urbanos. O livro segue as características do movimento naturalista. 

Quais as principais características da literatura de Aluísio Azevedo?

Aluísio Azevedo teve como referências literárias o autor português Eça de Queirós e o francês Émile Zola. Sua publicação é considerada irregular, já que oscila entre diferentes movimentos literários e características de linguagem. “Uma lágrima de mulher”, por exemplo, apresentava influências do romantismo e foi definida como uma obra mais comercial, enquanto suas obras seguintes são consideradas precursoras do naturalismo

Entre os temas principais tratados por Azevedo, estão o racismo, o adultério, os vícios e as dificuldades das classes populares. Por lançar luz a temas ignorados por outros, Aluísio Azevedo foi considerado “o autor das massas”.

Além do foco na realidade cotidiana e no retrato da sociedade e de sua degradação moral, as obras do autor de “O cortiço” também traziam como foco o comportamento e a animalização dos personagens.

A linguagem de suas obras é simples e regional, mas a narrativa é descritiva, incluindo detalhes e minúcias de cenários e personagens. Por isso, pode ser um pouco lenta para o leitor. A leitura, porém, compensa: Aluísio Azevedo publicou obras atuais ainda hoje e consideradas grandes clássicos da literatura. 

Aluísio Azevedo e o naturalismo

Aluísio Azevedo foi o autor da primeira obra naturalista do Brasil. “O mulato”, publicado em 1881, inaugura a era determinista, da crítica social e ausência de idealizações. O livro não foi bem recebido pelo público, já que chamava a atenção para as atrocidades cometidas contra os escravos negros brasileiros. 

Para divulgar o livro, o autor utilizou uma tática incomum para a época: divulgou, no jornal “A pacotilha”, a chegada de um advogado à cidade. O advogado, porém, era o personagem central do livro. A estratégia deu certo: o livro vendeu dois mil exemplares, quantia alta para a época, em que viviam tantos analfabetos no Brasil. Confira a nota publicada por Aluísio Azevedo para divulgar seu novo livro:

“Dr. Raimundo José da Silva, distinto advogado que partilha de nossas ideias e propõe-se a bater os abusos da Igreja. Consta-nos que há certo mistério na vida desse cavalheiro”.

Características do movimento naturalista

O movimento naturalista surgiu na Europa, após a publicação da obra “A origem das espécies”, de Charles Darwin. Durante esse período, apesar da grande polêmica que a obra suscitou no público mais religioso, o positivismo estava forte, a ciência, sendo defendida.

O naturalismo tem, entre suas características, a objetividade e o cientificismo. O cientificismo está presente no determinismo, teoria que consiste na ideia de que o homem é resultado de seu meio. Por isso, no naturalismo, os autores supervalorizavam as características animalescas dos personagens, atribuindo força ao instinto. 

Apesar de “O mulato” inaugurar a era naturalista no Brasil, é “O cortiço”, sua obra-prima, a principal obra naturalista do país. Outros exemplos de livros naturalistas são os livros de Raul Pompeia, Júlio Ribeiro e Adolfo Caminha. 

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Texto escrito por: PRASABER
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