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Cecília Meireles: conheça a vida e obras da poeta Cecília Meireles: conheça a vida e obras da poeta

Cecília Meireles: conheça a vida e obras da poeta

Cecília Meireles foi uma das maiores poetas do Brasil. Além de poeta e escritora, ela também trabalhou como jornalista, professora, pintora e tradutora. Você já conhece as obras dela?

Quer continuar aprendendo sobre a considerada melhor poeta do Brasil? É só continuar lendo!

Quem foi Cecília Meireles?

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 1901 no Rio de Janeiro e foi criada por sua avó, portuguesa, após se tornar órfã, desde muito nova. Desde pequena, já demonstrava grande interesse por literatura, chegando a receber do próprio Olavo Bilac uma “Medalha de Ouro Olavo Bilac” em reconhecimento a seu esforço e dedicação à escola.

Foi na escola que a autora começou a escrever e se dedicar à música (estudou violão, violino e canto), mas decidiu se dedicar à literatura. Logo após sua formatura, decidiu começar a lecionar, diplomando-se no “Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro”.

Com 21 anos, casou-se com o artista plástico Fernando Correia Dias. O casamento proporcionou duas filhas e o contato de Cecília com o movimento poético de Portugal, em que já despontava Fernando Pessoa. Após o suicídio do primeiro marido, que já lutava contra a depressão, a poeta casou-se novamente com o engenheiro agrônomo Heitor Vinicius da Silveira Grilo, com quem teve três filhos.

A carreira de docente

Além de professora, Cecília Meireles escreveu livros paradidáticos, preocupada com a escassez de bons materiais para a educação de crianças. Também trabalhou como jornalista no “Diário de Notícias”, “Folha Carioca”, “Correio Paulistano” e “Estado de São Paulo”, contribuindo com artigos sobre educação.

A autora também foi professora de Literatura Luso-brasileira, Técnica e Crítica Literária e Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Distrito Federal e na Universidade do Texas em Austin, respectivamente.

Foi também Cecília quem criou a primeira Biblioteca Infantil do Brasil, no Rio de Janeiro. A autora participou de diversas conferências sobre literatura, folclore e educação. Também dirigiu a revista “Travel in Brazil”, escreveu crônicas para programas de rádio e participou de simpósios diversos em países como Israel, México e Estados Unidos.

Cecília Meireles faleceu em 1964, aos 63 anos, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer de estômago, descoberto dois anos antes.

Cecília Meireles publicou seu primeiro livro de poemas aos 18 anos, “Espectros”. O livro foi na contramão do estilo literário da época, com poemas retratados em soneto, sob influência simbologista, na musicalidade e na melancolia. Em 1922, ano da Semana da Arte Moderna, participou do grupo da Revista Festa, que defendia o universalismo e a preservação de certas tradições na poesia, características do modernismo literário.

Com mais de 50 livros publicados, Cecília também produziu contos, crônicas, folclores e histórias infantis, além das poesias. Além disso, a autora também foi uma bem sucedida tradutora literária, tendo traduzido obras nas seguintes línguas:

  • inglês;
  • francês;
  • italiano;
  • alemão;
  • russo;
  • espanhol;
  • hebraico;
  • sânscrito;
  • hindi;
  • chinês

Prêmios

Reconhecida por seu talento na carreira em literatura, tradução e na docência, Cecília Meireles recebeu diversos prêmios e homenagens. Confira a lista de homenagens:

  • Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras (1938);
  • Prêmio de Tradução de Obras Teatrais (1962);
  • Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária (1963);
  • Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro Solombra (1964);
  • Prémio Machado de Assis (1965);
  • Sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura;
  • Sócia honorária do Instituto Vasco da Gama (Goa);
  • Doutora “honoris causa” pela Universidade de Delhi (Índia);
  • Oficial da Ordem do Mérito (Chile);
  • A escola básica da freguesia de Fajã de Cima, nos Açores, terra de sua avó, recebeu seu nome;
  • Teve seu rosto estampado na cédula de cem cruzados novos

Livros de Cecília Meireles

Pertencente à segunda geração do modernismo, Cecília Meireles produziu ampla produção literária, entre poesias infantis, folclore e contos. Confira algumas de suas obras:

  • Espectros (1919);
  • Criança, meu amor (1923);
  • Nunca mais… e Poemas dos Poemas (1923);
  • Criança meu amor… (1924);
  • Baladas para El-Rei (1925);
  • O Espírito Vitorioso (1929);
  • Saudação à menina de Portugal (1930);
  • Batuque, Samba e Macumba (1935);
  • A Festa das Letras (1937);
  • Viagem (1939);
  • Vaga Música (1942);
  • Mar Absoluto (1945);
  • Rute e Alberto (1945);
  • O jardim (1947);
  • Retrato Natural (1949);
  • Problemas de Literatura Infantil (1950);
  • Amor em Leonoreta (1952);
  • Romanceiro da Inconfidência (1953);
  • Batuque (1953);
  • Pequeno Oratório de Santa Clara (1955);
  • Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro (1955);
  • Panorama Folclórico de Açores (1955);
  • Canções (1956);
  • Romance de Santa Cecília (1957);
  • A Bíblia na Literatura Brasileira (1957);
  • A Rosa (1957);
  • Obra Poética (1958);
  • Metal Rosicler (1960);
  • Poemas Escritos na Índia (1961);
  • Poemas de Israel (1963);
  • Solombra (1963);
  • Ou Isto ou Aquilo (1964);
  • Escolha o Seu Sonho (1964)

Qual é o estilo literário de Cecília Meireles?

Pertencente à segunda geração modernista, as obras de Cecília Meireles possuem, como as demais do mesmo movimento, características como:

  • crítica sociopolítica (movimento do Estado Novo no Brasil, movimentos ultranacionalistas na Europa);
  • conflitos existenciais e espirituais;
  • tentativa de reconstrução e resgate da poesia clássica;
  • temas contemporâneos;
  • uso de versos regulares, brancos e livres.

Cecília Meireles está acompanhada, no movimento modernista, de autores como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes.

Inicialmente, porém, suas publicações iniciais tendem ao simbolismo, reunindo características como religiosidade, desespero e individualismo. Apenas após o livro “A viagem” é que as obras de Cecília ingressam no espírito poético e característico do modernismo.

Apesar de ser enquadrada em um movimento literário, a escrita da autora também tem suas próprias particularidades. Entre as temáticas principais abordadas, estão o amor, a solidão, a saudade, a religião e a morte. O tom de suas poesias é frequentemente melancólico, caracterizado por uma fuga da realidade e elementos sensoriais.

Cecília também utiliza recursos como a sinestesia, equilíbrio entre inovação e tradição, tentativa de evasão e observações filosóficas sobre a efemeridade da existência.

Outra característica das poesias de Cecília Meireles é o cultivo de uma poesia reflexiva, com fundo filosófico e temas intuitivos. A poeta também transitou pela poesia histórica, quando criou um de seus mais famosos livros: “Romanceiro da Inconfidência”. Com a temática Inconfidência Mineira, o livro é dividido em cinco partes e possui 85 romances, escritos em versos regulares (compostos por redondilhas e decassílabos). Confira um trecho:

“Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

entre sigilo e espionagem

acontece a Inconfidência.

E diz o vigário ao Poeta:

“Escreva-me aquela letra

do versinho de Virgílio…”

E dá-lhe o papel e a pena.

E diz o Poeta ao Vigário,

Com dramática prudência:

“Tenha meus dedos cortados,

antes que tal verso escrevam…”

Liberdade, Ainda que Tarde.”. (…)

Quais são as obras mais famosas de Cecília Meireles?

Romanceiro da Inconfidência (1953)

Considerada a principal obra da autora, “Romanceiro da Inconfidência” é um longo poema histórico que aborda a Inconfidência Mineira. Você já leu um trecho do poema acima. Aqui, observe a composição da poesia: versos em redondilha menor (cinco sílabas poéticas) e a temática sobre a personagem histórica Chica da Silva.

“Que andor se atavia

naquela varanda?

É a Chica da Silva:

é a Chica-que-manda!

Cara cor da noite,

olhos cor de estrela.

Vem gente de longe

para conhecê-la.

[…]

Escravas, mordomos

seguem, como um rio,

a dona do dono

do Serro do Frio.

[…]

Contemplai, branquinhas,

na sua varanda,

a Chica da Silva,

a Chica-que-manda!

(Coisa igual nunca se viu.

Dom João Quinto, rei famoso,

não teve mulher assim!)”

Ou Isto ou Aquilo (1964)

“Ou Isto ou Aquilo” é um livro infantil publicado por Cecília Meireles em 1964. A autora explora a musicalidade, a sonoridade, o ritmo e as rimas das palavras, apresentando para as crianças o universo da poesia. Confira um trecho do poema “Ou Isto ou Aquilo”:

“Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!”

Viagem (1939)

“Viagem” é considerado o primeiro livro de Cecília Meireles – ou o primeiro livro publicado e levado a sério. Nesse estágio da produção da poeta, sua obra começa a se afastar do simbolismo e encontrar vínculo na tradição modernista.

O livro é composto por 99 poemas, com 13 epigramas (poemas curtos e satíricos) e demais poemas com versos metrificados, rimados e livres. Confira um trecho do poema “Retrato”, apresentando no livro:

“Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

 

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

 

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida

a minha face?”

Canções (1956)

É no livro “Canções”, publicado em 1956, que Cecília Meireles explora a forma poética das canções. Poemas com bastante musicalidade, com linguagem acessível e coloquial, versos simples e uma linguagem melancólica são a tônica dessa obra. Confira o poema que dá nome ao livro:

“Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

– depois, abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar

 

Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre de meus dedos

colore as areias desertas.

 

O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho, dentro de um navio…

 

Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,

e o meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.

 

Depois, tudo estará perfeito;

praia lisa, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minhas duas mãos quebradas.”

Frases de Cecília Meireles

Conheça alguma das mais famosas frases de Cecília Meireles:

  • “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”;
  • “Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos”;
  • “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre”;
  • “Se em um instante se nasce e um instante se morre, um instante é o bastante para a vida inteira.”
  • “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.”
  • “Meu coração tombou na vida, tal qual uma estrela ferida pela flecha de um caçador.”
  • “O vento do meu espírito soprou sobre a vida e só ficaste tu que és eterno”
  • “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”;
  • “Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua“.

Agora que você sabe tudo sobre Cecília Meireles, leia também sobre:

Texto escrito por: PRASABER
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