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Arcadismo: contexto histórico, características e autores Arcadismo: contexto histórico, características e autores

Arcadismo: contexto histórico, características e autores

Você sabia que literatura cai de forma recorrente no caderno de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem e nos principais vestibulares? Pensando nisso, preparamos um resumo sobre o Arcadismo, uma importante Escola Literária que teve início no século XVIII.

Nesse texto iremos abordar tópicos como características, contexto histórico, principais autores e muito mais. Continue a leitura!

O que é Arcadismo?

O nome “arcadismo”, que também é conhecido como Setecentismo ou Neoclassicismo, é uma referência à Arcádia, região campestre do Peloponeso, na Grécia antiga e foi um movimento literário que surgiu na Europa com a proposta de eliminar os rebuscamentos e os ornamentos exagerados da estética barroca.

Considerado o principal movimento literário do século XVIII, ele se afastava dos textos rebuscados, uma vez que escreviam com simplicidade e pureza. Vamos entender melhor a seguir!

Contexto histórico

Origem do Arcadismo

O Arcadismo se aproximou dos ideais do Iluminismo e procurava restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a simplicidade da literatura renascentista, escrevendo num contexto de idealização, fora da realidade. Por esse motivo, os escritores desse período sofreram muitas críticas e foram obrigados a usar pseudônimos com nomes de pastores gregos e romanos.

Além de ser marcado pelo Iluminismo, seu contexto também é marcado pelo avanço tecnológico que produziram a industrialização e o êxodo rural. O período é fundamental para compreender o declínio do Absolutismo e a ascensão da burguesia.

O século XVIII representa uma fase de importantes transformações na cultura europeia. Por isso, os autores árcades ilustravam em suas obras questões fundamentais da época, como por exemplo a relação entre o homem e a riqueza – aurea mediocritas é um conceito que discute isso – ou como era viver na sociedade daquela época – locus amoenus e fugere urbem são referentes a esse assunto.

Arcadismo em Portugal

Em Portugal, o Arcadismo teve início oficialmente em 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas para discutirem arte. Nessa época, Portugal passava pelo período final de sua reestruturação econômica, política e cultural e o país foi tomado por um clima de renovação.

Um trecho escrito por Antônio Dinis da Cruz e Silva no Estatuto da Arcádia marcou o Arcadismo no país. Com isso, visavam acabar com os exageros, o rebuscamento e a extravagância marcados pelo Barraco, retornando a uma literatura simples. Nesse primeiro momento, não havia preconceito com a religião, o que mudaria na última década do século XVIII com a Nova Arcádia.

Principais autores portugueses: Manoel Maria Barbosa du Bocage, Antônio Dinis da Cruz e Silva, Correia Garção e Francisco José Freire (Cândido Lusitano).

Arcadismo no Brasil

Devido à descoberta de ouro em Minas Gerais, o século XVIII é considerado o século de ouro no Brasil. Foi nesse período que a região sudeste se tornou o principal eixo econômico e político do país, nas cidades de Vila Rica (atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro.

Em Minas Gerais, principalmente em Vila Rica, formou-se uma sociedade urbana caracterizada por uma grande população, a maioria tinha suas atividades na extração do ouro. Assim, Vila Rica se tornou um dos maiores centros urbanos na América, com grande desenvolvimento artístico e cultural, o que permitiu a proliferação de intelectuais e artistas, que vinham de diferentes regiões, permitindo maior circulação das ideias iluministas.

Veja também: Civilizações antigas – resumo sobre os povos da Idade Antiga.

O marco inaugural do Arcadismo foi em 1768, em Vila Rica, com a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Mesmo não construindo um grupo nos moldes das arcádias europeias, assim é formada a primeira geração literária brasileira.

Com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro em 1808, nasce a chamada Escola Setecentista, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil. Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens tropicais, valorização da história colonial, a luta pela independência e o início do nacionalismo.

Principais autores brasileiros: Santa Rita Durão, Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e Inácio José de Alvarenga Peixoto.

Arcadismo na Literatura

Na Literatura, o Arcadismo ficou marcado por romper as ideias barrocas e valorizar a natureza e o estilo de vida no campo. Esse movimento literário representou os anseios da vida burguesa em que os poetas costumavam criticar e desprezar a vida nas grandes cidades e centros urbanos, pela agitação e pelos problemas da vida moderna.

Características do Arcadismo

Embora tenha surgido em um período de rupturas e de muita agitação política e intelectual, era possível notar a clareza e a harmonia nos temas e nas produções literárias que afastaram a linguagem rebuscada do Barroco. Em busca de equilíbrio, o Arcadismo recorria ao bucolismo, aos temos pastoris e aos elementos naturais.
Uma das principais características árcades é a herança da cultura clássica (greco-latina e renascentista). Confira quais são elas:

  • Ideias Iluministas;
  • Busca pela simplicidade e racionalidade;
  • Exaltação da natureza;
  • Valorização do cotidiano e da vida simples, pastoril e no campo;
  • Crítica a vida nos centros urbanos;
  • Retomada dos valores clássicos;
  • Linguagem simples;
  • Objetividade;
  • Nativismo: referências à terra e ao mundo natural;
  • Temas simples, como: amor, vida, casamento, paisagem;
  • Inspiração na vida em sociedade e no campo: fugere urbem;
  • Relação entre o homem e a riqueza: aurea mediocritas;
  • A ideia de aproveitar o dia, viver o momento com grande intensidade: carpe diem.

Diferenças entre Barroco e Arcadismo

Estes dois movimentos são diferentes, ainda que similares. Isso porque o Arcadismo veio para contrapor o Barroco e ambos são movimentos artísticos com inspirações europeias que tiveram grande destaque na veia artística brasileira.

O Barroco surgiu a partir de uma oposição religiosa, dividindo os pensamentos em antropocentrismo – homem no centro das coisas – e o teocentrismo – Deus no centro das coisas. Assim, as produções artísticas desse movimento passaram a ser usadas para expressar o que se pensava, sempre mostrando alguma divisão de conflito (exemplo: o bem e o mal).

Já o Arcadismo surgiu como uma reação ao Barroco e representou o equilíbrio, a simplicidade, antropocentrismo e principalmente a vida simples no campo. Enquanto o Barroco usava o jogo de palavras e o intelectual, o Arcadismo usava uma linguagem mais simples, por considerar o outro movimento com uma linguagem rebuscada e cheia de paradoxos.

Principais autores do Arcadismo

Manuel Maria Barbosa du Bocage


Sobre

Nascido em Setúbal, Portugal, em 1765, é considerado um dos principais autores do Arcadismo português. Foi também marinheiro e, ao ser promovido tendente, se aposentou. Em 1790 se associou à Segunda Arcádia portuguesa, adotando o pseudônimo Elmano Sadino.

Foi perseguido e preso pela Inquisição, por ter satirizado a igreja, onde reflete tendências pré-românticas. A obra está repleta de lirismo, erotismo, individualismo e sátiras, com uma linguagem neoclássica. Além disso, realizou traduções e escreveu poesias.

Ele faleceu em Lisboa, em 1805 deixando obras como: O Triunfo da Religião, A Pavorosa Ilusão, Convite à Marília, Mágoas Amorosas de Elmano, entre outras.

Principais obras

O Triunfo da Religião, A Pavorosa Ilusão, Convite à Marília, Mágoas Amorosas de Elmano, entre outras.

José Basílio da Gama


Sobre

Natural de São José do Rio das Mortes, atual cidade de Tiradentes (MG), Basílio da Gama nasceu em 1741. Estudou em um colégio de padres jesuítas no Rio de Janeiro e anos depois, foi para a Itália onde se filiou à Arcádia Romana, assinando o pseudônimo de Termindo Sipílio.
Também viveu em Portugal, onde foi preso e acusado por ser partidário dos jesuítas. Foi membro da Academia das Ciências de Lisboa, cidade em que faleceu em 1795.

Sua obra mais famosa é o poema O Uraguai, em que relata não as paisagens bucólicas – vida no campo – típicas do Arcadismo, mas sim um episódio de combate. O tom do poema é antijesuíta nos versos de abertura já demonstram que os verdadeiros heróis da epopeia de Basílio da Gama são os europeus.

Principais Obras

Sua obra mais famosa é o poema O Uraguai, em que relata não as paisagens bucólicas (vida no campo – típicas do Arcadismo), mas sim um episódio de combate.

Cláudio Manuel da Costa


Sobre

Nascido em 1729, em Ribeirão do Carmo, atual cidade de Mariana (MG), ele também estudou em um colégio jesuíta no Rio de Janeiro e se formou em Direito em Portugal, na Universidade de Coimbra. De volta ao Brasil, atuou como advogado em Vila Rica e logo depois assumiu o cargo público de Secretário do Governo da Capitania.

Em 1768, Cláudio Manuel da Costa foi o responsável por fundar uma arcádia chamada “Colônia Ultramarina”, na cidade de Vila Rica. A partir disso e da publicação de Obras Poéticas, ele é considerado o introdutor do movimento arcadista no Brasil.

Influenciado pelas ideias iluministas, ele se envolveu com o movimento da Inconfidência Mineira, onde se tornou amigo de nomes conhecidos com Aleijadinho e Tiradentes. Claudio Manuel da Costa assinava seus versos com o pseudônimo Glauceste Satúrnio e, apesar de ter sofrido influência barroca, os princípios árcades aparecem nitidamente em seus versos.

Foi encontrado enforcado em sua cela em 1789, deixando seu legado em obras como: Culto Métrico, Labirinto de Amor, Epicédio, Obras Poéticas, Poesias Manuscritas, entre outras.

Principais obras

Culto Métrico, Labirinto de Amor, Epicédio, Obras Poéticas, Poesias Manuscritas, entre outras.

Tomás Antônio Gonzaga


Sobre

Era filho de pai brasileiro nascido em Portugal, em 1744. Aos sete anos chegou ao Brasil e estudou com os jesuítas na Bahia. Já adolescente, retornou a Portugal onde se formou em Direito na Universidade de Coimbra.

Em 1782 voltou para o Brasil e se tornou ouvidor de Vila Rica. Também foi acusado de envolvimento com a Inconfidência Mineira e, por isso, foi preso e levado para Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Depois, foi deportado para Moçambique, onde permaneceu até a sua morte.

Tomás Antônio Gonzaga dedicava seus versos a Maria Doroteia de Seixas, a Marília, por quem se apaixonou ainda quando era jovem. Seus poemas têm um tom pessoal que foge das características neoclássicas, sob pseudônimo de Dirceu. Suas principais obras são: Marília de Dirceu e Cartas Chilenas.

Principais Obras

Marília de Dirceu e Cartas Chilenas.

José de Santa Rita Durão


Sobre

Conhecido como Santa Rita Durão, nasceu em Cata-Preta (MG) e estudou em colégio jesuíta no Rio de Janeiro. Também fez faculdade na Universidade de Coimbra e se formou em teologia. Ele é o autor do poema épico chamado Caramuru, o qual tem como subtítulo “Poema épico do Descobrimento da Bahia”, escrito no padrão da poesia de Camões.

Considerado um dos mais importantes representantes do Arcadismo na literatura brasileira, ele foi frei, orador e poeta. Uma das principais características de suas obras foi o indianismo – idealização indígena que é tratado como um herói. Suas principais obras são: Caramuru e Pro Anmia Studiorum Instauratione Oratio.

Principais obras

o poema épico chamado Caramuru – o qual tem como subtítulo “Poema épico do Descobrimento da Bahia”, escrito no padrão da poesia de Camões – e Pro Anmia Studiorum Instauratione Oratio.

 

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Texto escrito por: PRAVALER
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